Uso de Óleo de girassol nas tatuagens ajudam a cicatrizar melhor?

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Provavelmente você já recebeu essa recomendação do tatuador ou de algum amigo que usou após ter riscado a pele. Tem se tornando um prática bem comum, mas o que a ciência tem a dizer sobre isso?!

O óleo de girassol contém ácidos graxos na sua composição, compostos que não são sintetizados pelos animais, por isso se torna importante a sua participação na alimentação, principalmente a nossa, os seres humanos.
Tem função de compor a membranas biológicas, são percussores mensageiros dentro da célula e contribuem na imunidade e processos inflamatórios. Porém, isso é em sua ingestão, não quando aplicamos na pele. Como o procedimento de tatuar a pele envolve um ferir a esse órgão e gerar um processo inflamatório, iremos utilizar estudos sobre esses temas para entender. Desde a década de 70, começou a ter pesquisas sobre a aplicação de ácidos graxos em processo inflamatórios e cicatrização.
Figura 1. Principais produtos que contém ácidos graxos, incluindo as frutas secas e óleos.
Figura 1. Principais produtos que contém ácidos graxos, incluindo as frutas secas e óleos.
Apesar desse tempo, existem poucos estudos utilizando eles em processos de cicatrização e quase nenhuma em humanos. E as revisões mostram que esses estudos tem metodologias falhas, sem controles da dose, dos componentes presentes no produto testado e no desenho experimental.
Sendo assim, os resultados são fracos sobre a eficácia do óleo e dos ácidos graxos. Logo, não existe evidências científicas para a indicação de uso tópico em humanos. Ainda é preciso um estudo randomizado controlado em seres humanos para que se entenda o real efeito nas feridas.
Figura 2. Artigo que fez análise de revisão da utilização de ácidos graxos em feridas.
Figura 2. Artigo que fez análise de revisão da utilização de ácidos graxos em feridas.
Além de que temos estudos que não indicam a melhoria da cicatrização utilizando os ácidos e combinados, o que pode sugerir um baixo potencial desse campo de estudo. A Cochrane diz não ter evidências sobre dietas baseadas nesses compostos para pessoas com eczemas.
Figura 3. Trecho do artigo da revisão sobre uso de ácidos graxos em feridas.
Figura 3. Trecho do artigo da revisão sobre uso de ácidos graxos em feridas.
“Conclusões dos autores:
Não há evidências convincentes dos benefícios dos suplementos alimentares no tratamento do eczema, e eles não podem ser recomendados para o público em geral ou para a prática clínica no momento. Embora alguns possam argumentar que os suplementos, ao menos, não causam mal, doses elevadas de vitamina D podem provocar problemas médicos sérios, e o custo dos suplementos a longo prazo também pode se acumular.”
“Mas então a falta de evidências não indicam que não funciona!”. Sim, porém não é legal recomendar produtos sem saber seus efeitos e riscos. Alguns autores dizem não ter contraindicações, mas aplicar esses óleos, podem causar obstrução dos poros que leva a inflamação da pele.

Referências

  • Baranska, Anna, et al. “Unveiling Skin Macrophage Dynamics Explains Both Tattoo Persistence and Strenuous Removal.” Journal of Experimental Medicine, vol. 215, no. 4, 2 Apr. 2018, pp. 1115–1133, rupress.org/jem/article/215/4/1115/42419/Unveiling-skin-macrophage-dynamics-explains-both, https://doi.org/10.1084/jem.20171608.
  • Manhezi, Andreza Cano, et al. “Utilização de Ácidos Graxos Essenciais No Tratamento de Feridas.” Revista Brasileira de Enfermagem, vol. 61, no. 5, Oct. 2008, pp. 620–628, https://doi.org/10.1590/s0034-71672008000500015.
  • Pieper, Barbara, and Maria Helena Larcher Caliri. “Nontraditional Wound Care: A Review of the Evidence for the Use of Sugar, Papaya/Papain, and Fatty Acids.” Journal of WOCN, vol. 30, no. 4, 1 July 2003, pp. 175–183, www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1071575403002146, https://doi.org/10.1067/mjw.2003.131. Accessed 2 July 2023.
  • Serup, Jørgen. “Medical Treatment of Tattoo Complications.” Karger.com, 10 Mar. 2017, karger.com/books/book/143/chapter-abstract/5080536/Medical-Treatment-of-Tattoo-Complications?redirectedFrom=fulltext, https://doi.org/10.1159/000450804.